Versão do Diretor #04

Musculoso

Mais uma tira de apresentação de personagem. O que eu imaginei ao criar o Musculoso foi como seria o Super-Homem se ele fosse um personagem crível. “Opa! Como assim crível?” – você provavelmente deve estar se perguntando. Afinal, o Super-Homem é um cara que sai por aí voando com a cueca por cima da calça. Mas quando digo crível, não estou me referindo aos poderes fantástico do personagem, mas sim a sua condição moral.

Perceba! Você acha que se uma pessoa que se descobre com os poderes iguais ao do Super-Homem iria automaticamente decidir lutar pela verdade e pela justiça? (e isso sem entrar na discussão do que ele entende por verdade e justiça). Eu acho que não! Essa pessoa muito provavelmente iria utilizar os poderes em benefício próprio. É que o acontece, por exemplo, com o Peter Parker quando descobre ter poderes meta-humano após ser picado pela aranha radioativa. Foi preciso uma tragédia para fazê-lo decidir por utilizar os seus poderes para ajudar as outras pessoas. E mesmo assim, ele sofre constantemente de dúvidas morais a respeito de seus poderes, e por diversas vezes já pensou em desistir da vida de super-herói.

O Super-Homem não possui essa dúvida moral que o Homem-Aranha tem (ao menos não o Super-Homem da era de ouro). Ele utiliza os seus poderes incondicionalmente em benefício da humanidade (bem, na verdade é em benefício do american way of life, mas esta é uma outra discussão, e bem mais longa), e tem plena certeza de que o que ele faz é o correto. Não por acaso o Homem-Aranha , e outros personagens da Marvel fizeram muito mais sucesso na década de 60 quando apareceram do que os super-heróis da DC. Eles estavam muito mais próximo da condição humana do que os personagens da DC, o que gerava uma maior identificação por parte do leitor, e Stan Lee sacou isso muito bem.

Mas voltando ao Musculoso, na verdade, ele também não possui dúvida moral com relação aos seus poderes, a questão é que a moral dele é um pouco, digamos, “diferente”. Pois eu acredito na teoria que diz que não existe a pessoa amoral, apenas a imoral (pois na verdade, a imoralidade nada mais é do que a moral do “outro”). E ele não possui a mesma ética que o Super-Homem possui (que seria a ética protestante como descrita por Max Weber, mas esta é também outra longa discussão).

O Musculoso é mulherengo, machista, narcisista, e pra completar, possui músculos no lugar dos neurônios. A única coisa que ele compartilha com o Super-Homem é que ele também enxerga o mundo de forma maniqueísta. Mas a sua noção de bem e mal não é a das mais coerentes.

Por fim, o Musculoso acabou se assemelhando muito ao Overman. Juro que isso não foi intencional. Mas confesso que o personagem do Laerte é uma grande influência para mim quando estou escrevendo algo para o Musculoso. Mas claro que não consigo alcançar nem um porcento da genialidade do Laerte. Mas quem sabe algum dia ainda chego lá. =)