Versão do Diretor #05

Homem-Bomba

Esta tira do Homem-Bomba é outra da qual curto bastante. Trata-se também de uma tira simples, mas cuja piada funciona muito bem. O Homem-Bomba é uma crítica a essa mania que surgiu nos quadrinhos de super-heróis a partir dos anos 90 de matar e ressuscitar personagens a torto e a direito.

Ainda que morte e ressurreição (mesmo que espiritual) sejam partes vitais da jornada do herói como descrita por (a qual eu faço referência na hq O (Super) Herói de Mil Faces), quando esse recurso é utilizado em demasia e de uma forma vulgar e banal, acaba perdendo o impacto e a profundidade simbólica que deveria ter, se tornando algo caricato. A morte (e por conseguinte a vida) do personagem se esvazia completamente de seus significados.

O Homem-Bomba é um dos super-heróis que compõe o time principal do gigantesco grupo liderado pelo Musculoso. A idéia é fazer com que em toda aventura do grupo, ele morra ao utilizar os seus poderes, mas reaparecendo na história seguinte, como se nada tivesse acontecido, e sem explicação nenhuma (afinal, se for pra dar uma explicação esdrúxula, melhor deixar sem nenhuma mesmo). O Homem-Bomba seria então como o Kenny do .

Por fim, ele é também outro super-herói do qual curto muito o visual e o uniforme. O Ricardo mais uma vez mandou muito bem no character design.

Versão do Diretor #04

Musculoso

Mais uma tira de apresentação de personagem. O que eu imaginei ao criar o Musculoso foi como seria o Super-Homem se ele fosse um personagem crível. “Opa! Como assim crível?” – você provavelmente deve estar se perguntando. Afinal, o Super-Homem é um cara que sai por aí voando com a cueca por cima da calça. Mas quando digo crível, não estou me referindo aos poderes fantástico do personagem, mas sim a sua condição moral.

Perceba! Você acha que se uma pessoa que se descobre com os poderes iguais ao do Super-Homem iria automaticamente decidir lutar pela verdade e pela justiça? (e isso sem entrar na discussão do que ele entende por verdade e justiça). Eu acho que não! Essa pessoa muito provavelmente iria utilizar os poderes em benefício próprio. É que o acontece, por exemplo, com o Peter Parker quando descobre ter poderes meta-humano após ser picado pela aranha radioativa. Foi preciso uma tragédia para fazê-lo decidir por utilizar os seus poderes para ajudar as outras pessoas. E mesmo assim, ele sofre constantemente de dúvidas morais a respeito de seus poderes, e por diversas vezes já pensou em desistir da vida de super-herói.

O Super-Homem não possui essa dúvida moral que o Homem-Aranha tem (ao menos não o Super-Homem da era de ouro). Ele utiliza os seus poderes incondicionalmente em benefício da humanidade (bem, na verdade é em benefício do american way of life, mas esta é uma outra discussão, e bem mais longa), e tem plena certeza de que o que ele faz é o correto. Não por acaso o Homem-Aranha , e outros personagens da Marvel fizeram muito mais sucesso na década de 60 quando apareceram do que os super-heróis da DC. Eles estavam muito mais próximo da condição humana do que os personagens da DC, o que gerava uma maior identificação por parte do leitor, e Stan Lee sacou isso muito bem.

Mas voltando ao Musculoso, na verdade, ele também não possui dúvida moral com relação aos seus poderes, a questão é que a moral dele é um pouco, digamos, “diferente”. Pois eu acredito na teoria que diz que não existe a pessoa amoral, apenas a imoral (pois na verdade, a imoralidade nada mais é do que a moral do “outro”). E ele não possui a mesma ética que o Super-Homem possui (que seria a ética protestante como descrita por Max Weber, mas esta é também outra longa discussão).

O Musculoso é mulherengo, machista, narcisista, e pra completar, possui músculos no lugar dos neurônios. A única coisa que ele compartilha com o Super-Homem é que ele também enxerga o mundo de forma maniqueísta. Mas a sua noção de bem e mal não é a das mais coerentes.

Por fim, o Musculoso acabou se assemelhando muito ao Overman. Juro que isso não foi intencional. Mas confesso que o personagem do Laerte é uma grande influência para mim quando estou escrevendo algo para o Musculoso. Mas claro que não consigo alcançar nem um porcento da genialidade do Laerte. Mas quem sabe algum dia ainda chego lá. =)

Versão do Diretor #03

Camaleão Cinzento

Eu gosto muito desta tira. Das tiras de apresentação dos personagens, considero-na a melhor, pois apesar dela ser extremamente simples, e econômica (a única coisa que o Ricardo fez foi repetir o mesmo desenho os três quadros), ela funciona muito bem.

O Camaleão Cizento é o personagem que mais gosto do universo do Homem-Grilo. Adoro principalmente o visual do uniforme que o Ricardo criou pra ele. A origem do personagem foi a seguinte; eu tinha a idéia de criar um super-herói que pudesse mudar de cor como um camaleão, só que ele seria atrapalhado e não saberia usar seus poderes direitos, então sempre mudava pra cores completamente diferente das cores do cenário no qual ele queria se camuflar. Quando cheguei para contar a idéia do personagem pro Ricardo, ele me disse: “A idéia é boa, mas você está esquecendo de uma coisa; nossa HQ será em preto e branco”.

É, realmente! Havia me esquecido daquele “pequeno” detalhe. Um personagem que tinha o poder de mudar de cor não fazia muito sentido em uma HQ em p/b. Foi aí que uma outra lâmpada se acendeu na minha mente. “Então que tal um personagem que acha que muda de cor, mas na verdade não muda?”, eu disse para o Ricardo. “Como a HQ é em preto e branco, nem mesmo os leitores saberiam se ele realmente consegue mudar de cor ou não”. O Ricardo achou de início a idéia estranha, e com razão, pois realmente era. Mas eu tinha certeza de que iria funcionar. Depois percebemos que o personagem também funcionava muito bem mesmo numa história colorida, como é o caso desta tira.

A idéia de início era que o personagem fosse daltônico, numa referência ao próprio Ricardo, que também é – apesar do grau de daltonismo dele não ser muito alto, mas coloque certas tonalidade de verde e amarelo na frente dele, e ele não consegue mais diferenciar um do outro. Mas aí depois o Ricardo achou melhor que o personagem fosse cego, assim ele também funcionaria como uma paródia ao .

A idéia do personagem utilizar como arma desentupidores de pia eu “roubei” de um antigo jogo do estrelado pelo chamado , onde ele utiliza diversos desentupidores coloridos, cada um com uma habilidade especial diferente.

Por fim, o Camaleão também serve como paródia aos diversos clichês de filmes de ninja e de kung-fu em geral, como na HQ que escrevi (e que ainda não foi desenhada) na qual ele e o Homem-Grilo precisam enfrentar um grupo ninja que está aterrorizando Osasco City e que se autodenominam Clã do Mão (uma paródia com o Clã do Pé das ). Eu gosto muito desta história e tenho certeza que quando ela for desenhada vocês também irão gostar dela.

Versão do Diretor #02

WebBlack e Robito

A execução desta tira já foi bem melhor do que a da primeira tira, mas ainda acho que estava fraquinho. Hoje olhando pra ela, acho que a piada funcionaria melhor se eu tivesse colocado como referência um desenho atual, mas é que eu curtia muito o Super-Mouse (, no original) quando era pequeno então resolvi colocá-lo, mas a galera na faixa dos 10 aos 15 anos que compõem a maioria do público leitor do Homem-Grilo, certamente nunca deve ter ouvido falar dele.

O WebBlack é um caso interessante, pois não foi um personagem que eu criei. Ele foi criado pelo meu amigo Eduardo. No entanto, ele só tinha um nome e um conceito, que seria um super-herói soturno. Como eu estava precisando de um personagem neste estilo para parodiar o Batman, ele me sugeriu usar o personagem dele, já que ele não tinha pretensões de utilizá-lo a sério e o tinha criado só por diversão. Então aceitei, pois achei o visual dele bem legal.

Mas como ele era originalmente um personagem sério, tive que adicionar algumas peculiaridades que o transformasse num personagem cômico. Uma dessas peculiaridades é o fato dele ser viciado em assistir TV, principalmente desenhos animados, chegando ao ponto de abandonar o combate ao crime, se tiver passando algum programa que ele gosta. Outra peculiaridade do WebBlack é ele achar que tem super-poderes só pelo fato de ser alienígena, já que nos quadrinhos de super-heróis, todo alienígena que se preze tem super-poderes, ou então ganha eles ao chegar na Terra.

Bem, o segundo passo foi dar a ele um sidekick alegrinho como o Robin. Foi aí que surgiu o Robito, que teve o visual criado por um outro amigo meu, o Robson. A idéia do menino-alvo veio quase que naturalmente, afinal, para um cara que se veste de preto como o Batman, ter um parceiro com uma fantasia super-colorida, não pode ter outra intenção senão a de utilizá-lo como alvo humano pra distrair os inimigos. Com o WebBlack eu só deixo essa intenção mais clara! =)

O Robito é o contra-ponto racional e “pé-no-chão” aos surtos delirantes do WebBlack, principalmente quando esse fica insistindo em usar seus poderes inexistente. Essa diferença de personalidade entre os dois me permite criar diálogos bem legais, que acaba tornando as tiras deles as minhas preferidas.

Versão do Diretor #01

Homem-Grilo

Este mês, o Homem-Grilo está completando oito anos (quem diria que já se passou tanto tempo, hein?), e para não deixar passar esta data em branco, começo aqui a publicar novamente as tiras do personagem, mas agora com comentários e reflexões sobre sua produção. Esta é uma forma também de eu avaliar o quanto o Homem-Grilo conseguiu (ou não) evoluir desde a primeira tira, que é esta aí em cima.

Eu particularmente a considero uma tira bem bobinha. Mas vocês têm que me darem um desconto, pois eu nunca tinha antes feito uma tira na vida. No entanto, acho que mesmo assim, ela funciona bem com uma tira inicial de apresentação do personagem.

A minha intenção original com o Homem-Grilo era apenas escrever histórias em quadrinhos. A idéia de fazer tiras foi do meu xará Carlos João Riva (outrora conhecido como Bond), que era o webmaster do falecido site de quadrinhos AracnoSpawn (que Deus o tenha). Ele me convidou para publicar as HQs do Homem-Grilo no site dele, o problema é que não havia nenhuma HQ ainda pronta. Então o Bond me sugeriu fazer tiras, que era algo mais rápido de produzir, e serviria para ir atualizando o site enquanto as HQs não estivessem finalizadas.

Acho que sou um dos poucos cara no mundo que faz tiras em dupla. E talvez, por não desenhar minhas próprias tiras, considero suas criações bem mais complexas do que escrever uma HQ de umas 20 páginas, por exemplo. Acho incrivelmente difícil escrever um argumento em uns três quadros onde você tem que iniciar, desenvolver, e concluir uma idéia de forma rápida e objetiva. Não sei dizer também se fosse eu que desenhasse, se a tarefa seria mais simples, mas fico impressionado com quadrinhistas que trabalham em jornais diários. Eu já acho difícil fazer uma tira por semana, imagina então ter que criar uma tira por dia?

Fiquei por um ano publicando as tiras do Homem-Grilo na AracnoSpawn, quando enfim o Bond, por um motivo que não lembro agora, decidiu abandonar o site. Ao mesmo tempo também publicávamos as tiras no site próprio do Homem-Grilo, que era hospedado no finado Geocities. Foi então que, na época em que eu trampava na Conrad, o Pablo Miyazawa, me convidou pra partcipar com o site do Homem-Grilo de um coletivo que ele estava criando, o Gardenal.org, e eu então, sem titubear, aceitei. Não por acaso o Pablo é um dos caras que está listado na dedicatória da revista do Homem-Grilo, pois o cara apostou no meu projeto quando ele ainda não era nada (não que seja grande coisa agora, mas enfim). Só havia pesos pesados no Gardenal naquela época, e eu era um total desconhecido. E estar lá ao lado daqueles caras, deu uma visibilidade ao site do Homem-Grilo que eu não teria conseguido sozinho.

Hoje em dia o Homem-Grilo tem seu próprio site em seu próprio domínio, além de vários leitores fiéis, e também um grupo de colaboradores mais fiéis ainda. E é a todos vocês que eu agradeço pelo Homem-Grilo ter conquistado tudo que conseguiu desde essa primeira tira. Mas esse é ainda apenas o começo. Muito ainda há por ser conquistado nos próximos anos. =)