Hoje, no Dia do Quadrinho Nacional, é um dia bem oportuno para você assinar o meu financiamento recorrente no Catarse e ajudar a financiar a produção das histórias em quadrinhos do Homem-Grilo.
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Aniversário de 20 anos do Homem-Grilo
Há exatamente 20 anos, no dia 8 de junho de 2000, era publicada na Internet a primeira tira do Homem-Grilo. A primeira publicação impressa só viria um ano mais tarde, em 2001, num fanzine reunindo as primeiras tiras (e que hoje já virou uma raridade).
Mas o Homem-Grilo foi criado no começo dos anos 90, quando eu tinha uns 11 anos de idade. Ele surgiu enquanto eu rabiscava no caderno durante alguma aula chata na escola. Sem pretensões nenhuma (muitos de vocês devem também ter um herói que criaram assim durante a infância).
Foi só no fim dos anos 90, com uns 17 anos, que coloquei na cabeça que queria ser quadrinista. Então resolvi resgatar aquele herói da infância. Como meu desenho não é tão bom, resolvi me dedicar só aos roteiros, e chamei meu amigo Ricardo Marcelino para desenhar as histórias.
O Homem-Grilo sempre foi um conjunto de contradições pra mim. A primeira delas é que quando comecei a escrever suas histórias, eu já não curtia mais tanto quadrinhos de super-heróis como na infância.
Conforme amadurecia como leitor, todo aquele maniqueísmo das histórias de super-heróis estadunidenses se tornaram simplistas demais pra mim. E a coisa foi piorando conforme amadurecia politicamente, pois o próprio conceito de herói passou a se tornar problemático.
“Infeliz a nação que precisa de heróis”. Essa frase do Brecht se tornou praticamente um mantra na minha mente, pois o ideal de sociedade que eu busco, que valorize a coletividade, a colaboração e o compartilhamento, não cabe a ideia de herói salvador que está acima dos demais.
Não bastasse tudo isso, o Homem-Grilo ainda era um super-herói construído no modelo do mercado de quadrinhos mainstream estadunidense, mas com histórias ambientadas no Brasil e publicado de forma independente e autoral. Existe personagem mais contraditório que esse?
O fato do personagem ser uma paródia me ajudou um pouco a encarar essas contradições. E com o tempo fui percebendo que essas contradições eram, na verdade, um movimento dialético em busca de uma síntese criativa.
Não que eu tenha alcançado essa síntese e resolvido as contradições, mas esse movimento dialético foi resultando numa história em quadrinhos cada vez mais antifascista no seu conteúdo e anticapitalista na sua forma.
Antifascista pois o Homem-Grilo não é um herói que se posta como salvador da pátria, acima da sociedade. Ele não luta apenas para proteger os fracos e oprimidos, mas para ajudar a fortalecê-los, e deste modo, eles mesmos possam lutar e enfrentar de forma coletiva todas as opressões, seja de classe, de raça, de gênero, etc.
E o Homem-Grilo não pensa duas vezes em socar na cara vigilantes fascistas que se vendem como heróis. =D
Anticapitalista pois não encaro os quadrinhos do Homem-Grilo como mercadorias a serem vendidas visando a acumulação de capital (até porque não sou nenhuma grande corporação editorial como a Marvel ou a DC). A ideia é valorizar mais o valor de uso cultural e artístico das HQs.
Por isso que os quadrinhos do Homem-Grilo são distribuídos gratuitamente na Internet sob uma licença livre, que permite não apenas o compartilhamento, mas também a criação de obras derivadas (inclusive para uso comercial).
Aliás, algo que me alegrou nesses 20 anos de publicação do Homem-Grilo foi ver ele sendo usado por outros criadores para os mais variados tipos de obra. Foram ilustrações, HQs, animações, graffitis, artesanatos. Só não rolou games e filmes, mas não foi por falta de propostas. =)
Devido ao reumatismo, escrever se tornou uma tarefa bem dolorosa pra mim. Mas ainda que eu não consiga produzir na velocidade de antes, enquanto eu ainda conseguir me mexer, pretendo escrever o Homem-Grilo. E quando eu não conseguir mais, conto com vocês pra continuarem por mim.
Dia do Quadrinho Nacional
Hoje, como alguns de vocês já devem saber, é o Dia do Quadrinho Nacional, data comemorativa instituída devido a publicação da primeira história em quadrinhos no Brasil, “As Aventuras de Nhô Quim”, feita por Angelo Agostini em 1869.
O Juliano Kaapora, desenhista dos meus quadrinhos Nova Hélade e Acelera SP, fez essa ilustração para comemorar o Dia do Quadrinho Nacional e o aniversário de 20 anos do Homem-Grilo.
E aguardem que em breve eu irei postar aqui no site outras obras derivas que diversos artistas já fizeram devido a chamada coletiva que eu fiz no post Comemorando os 20 anos do Homem-Grilo com o Copyleft e a Cultura Livre.
E lembrando que você pode criar uma obra derivada do Homem-Grilo a hora que você quiser, não precisa ser para a comemoração dos 20 anos do personagem. Basta para isso seguir as recomendações da licença Creative Commons dele.
Aniversário
Exatamente há nove anos atrás, era publicada a primeira tira do Homem-Grilo. Nove anos… Como o tempo passa rápido, não? Nunca imaginei que algo que nasceu apenas como uma brincadeira fosse durar tanto tempo. Isso é algo que de fato me surpreende.
Digo isso pois nunca tive grandes pretensões pro Homem-Grilo, diferente de outras HQs minhas. Afinal, que pretensões eu poderia ter pra um super-herói que foi mordido por um grilo radioativo (se é que o grilo mordem)? Nenhuma, é claro! Mas por algum motivo que eu ainda não sei explicar exatamente qual é, essa idéia insólita acabou agradando um bocado de gente. Muito mais gente do que eu esperava.
O ano passado, no aniversário de oito anos, comecei a fazer uma análise auto crítica das primeiras tiras que escrevi do Homem-Grilo e dos outros super-heróis do griloverso, o qual eu chamei de Versão do Diretor. Essa foi uma tentativa de tentar entender porque o Homem-Grilo acabou agradando as pessoas, apesar de todas as expectativas em contrário.
Olhando para essas primeiras tiras, percebo quanta água correu por debaixo dessa ponte desde então. Em 2000, eu era apenas um jovem que tinha acabado de sair do colegial. Hoje já sou um homem fazendo sua terceira faculdade, com muito mais conhecimento e muito mais maduro. Há nove anos atrás eu estava apenas começando a escrever meus primeiros roteiros, sem saber ao certo o que fazer. Hoje eu já tenho muito mais domínio sobre a técnica de escrita, e principalmente, sobre os princípios de como se contar uma boa história (ainda que, é claro, o aprendizado não termine nunca). E essa minha evolução como roteirista vem sendo reconhecida, como demonstra o Troféu HQMix que ganhei no ano passado como Roteirista Revelação, e o fato de eu ter sido indicado esse ano novamente ao HQMix, mas agora na categoria principal de Roteirista Nacional.
Hoje em dia já posso me considerar um roteirista profissional pois cada vez mais estou conseguido pegar trabalhos pagos de roteiros (e não só de quadrinhos). Se por um lado isso é bom, pois permite que eu consiga pagar as contas com aquilo que eu gosto de fazer, por outro lado é ruim pois me obriga a ir deixando de lado o meus projetos pessoais e dedicando menos tempo a eles, no qual eu não tenho ninguém me bancando pra fazê-los (e muito pelo contrário, sou eu que tenho que bancá-los do próprio bolso). Esse é um dos motivos pelo qual o blog do Homem-Grilo vem tendo poucas atualizações nos últimos meses, como os leitores mais assíduos já perceberam, e quero pedir desculpas a vocês por isso.
Mas vale lembrar que o Homem-Grilo está licenciado sobre Creative Commons, e ainda por cima liberado para uso comercial, então você não precisa esperar que eu faça novas histórias do Homem-Grilo. Você mesmo pode fazer por conta própria. ;)
Enfim, era basicamente isso que eu tinha pra dizer neste dia. Agora eu tenho que voltar a trabalhar, pois tenho o roteiro de uma Odisséia pra terminar. =)
Versão do Diretor #05
Esta tira do Homem-Bomba é outra da qual curto bastante. Trata-se também de uma tira simples, mas cuja piada funciona muito bem. O Homem-Bomba é uma crítica a essa mania que surgiu nos quadrinhos de super-heróis a partir dos anos 90 de matar e ressuscitar personagens a torto e a direito.
Ainda que morte e ressurreição (mesmo que espiritual) sejam partes vitais da jornada do herói como descrita por Joseph Campbell (a qual eu faço referência na hq O (Super) Herói de Mil Faces), quando esse recurso é utilizado em demasia e de uma forma vulgar e banal, acaba perdendo o impacto e a profundidade simbólica que deveria ter, se tornando algo caricato. A morte (e por conseguinte a vida) do personagem se esvazia completamente de seus significados.
O Homem-Bomba é um dos super-heróis que compõe o time principal do gigantesco grupo liderado pelo Musculoso. A idéia é fazer com que em toda aventura do grupo, ele morra ao utilizar os seus poderes, mas reaparecendo na história seguinte, como se nada tivesse acontecido, e sem explicação nenhuma (afinal, se for pra dar uma explicação esdrúxula, melhor deixar sem nenhuma mesmo). O Homem-Bomba seria então como o Kenny do South Park.
Por fim, ele é também outro super-herói do qual curto muito o visual e o uniforme. O Ricardo mais uma vez mandou muito bem no character design.