E isso é um bom indicativo de que estamos mantendo uma constante na qualidade, ainda que o ritmo de publicação esteja mais lento do que eu gostaria, já que para produzir os quadrinhos do Homem-Grilo dependemos do dinheiro que entra na nossa campanha de financiamento recorrente no Catarse, mas ainda temos poucos apoiadores (os quais, no entanto, não canso de agradecer, pois sem eles os quadrinhos já publicados nem existiriam).
O evento de entrega dos troféus aos vencedores, após a votação nacional, será no dia 6 de dezembro de 2023, às 19h, no Sesc 24 de Maio (R. 24 de Maio, 109 – República, São Paulo – SP). Todo ano a estatueta do Troféu HQMIX muda e neste ano a estatueta escolhida para homenagear um personagem nacional de HQ e seu criador é o Curupira, de Flavio Colin.
O Homem-Grilo está entre os indicados ao 34º Troféu HQMIX, concorrendo na categoria de Web Quadrinhos. É uma grande honra que no primeiro ano de sua nova fase, agora totalmente digital, o Homem-Grilo já receba uma indicação na mais tradicional premiação do mercado de quadrinhos no Brasil.
E acredito que o grande mérito dessa indicação se deva ao excelente trabalho que o Fred Hildebrand vem fazendo, engrandecendo meus roteiros com a sua excelente arte. Fico muito feliz que a nossa parceria no Homem-Grilo tenha dado super certo, e essa indicação vem para coroá-la.
A primeira vez que o Homem-Grilo foi indicado ao Troféu HQMIX foi em 2008, com a Revista do Homem-Grilo nº42, na categoria de Publicação Independente de Autor. A publicação em si não levou o prêmio, mas eu acabei ganhando na categoria de Roteirista Revelação.
Naquela época eu já não era exatamente revelação, pois havia oito anos que tinha começado a fazer e publicar quadrinhos. Mas foi minha primeira premiação na área, portanto, foi bastante importante pra mim e um grande reconhecimento do meu trabalho como roteirista de quadrinhos.
E mesmo que eu não ganhe o Troféu HQMix este ano (a concorrência está muito boa), já estou imensamente feliz só de ter meu trabalho entre os indicados. Ainda mais depois de toda a dificuldade que passei com meus problemas de saúde por causa do reumatismo e ter até mesmo cogitado desistir de continuar fazendo quadrinhos.
Recomeços são bem comuns nas histórias em quadrinhos de super-heróis, sobretudo das grandes editoras como a Marvel e a DC, então, mais cedo ou mais tarde algo assim também acabaria acontecendo com o Homem-Grilo.
Mas enquanto nas grandes editoras esses recomeços são usados para arrumar os problemas gerados por uma cronologia extensa e complexa, no caso do Homem-Grilo está acontecendo por dois principais motivos; primeiro, a mudança de formato na publicação das histórias, e segundo, a mudança do desenhista oficial do personagem.
Desde o fim de 2018 venho ensaiando iniciar uma nova fase de produção dos meus quadrinhos, que eu passei a chamar de produção anticapitalista, no qual explico em mais detalhes nesta postagem do meu blog pessoal.
Mas, em resumo, este tipo de produção esta firmada em três bases; publicação dos quadrinhos digitalmente em formato pergaminho (que é melhor adaptado para leitura em celulares), licenciamento deles sob Creative Commons, e financiamento da produção dessas HQs através de financiamento coletivo recorrente.
Por se tratar de um nova forma de produzir e publicar quadrinhos, principalmente com relação ao formato, passei esses últimos tempos me adaptando a ele. Praticamente tive que aprender novamente a como fazer histórias em quadrinhos, já que eu estava acostumado ao padrão tradicional de publicação de revistas e livros. Mas agora acredito estar pronto para esse novo formato.
E para isso conto com a chegada do novo desenhista oficial do Homem-Grilo, que vem para substituir o Will (que, por sua vez, substituiu o Ricardo Marcelino, como explico neste texto).
E este novo desenhista é o Fred Hildebrand, que foi o desenhista da série Patre Primordium, escrita por Ana Recalde, e que agora está publicando sua própria série em quadrinhos, chamada Spaceshit.
Com essa nova parceria com o Fred, a minha ideia é não só produzir novas HQs no formato pergaminho aqui pro site, mas também adaptar as tiras e HQs antigas para este formato. E começamos fazendo isso pela primeira tira do Homem-Grilo, que você já pode ler aqui.
Espero que essa nossa parceria dure por muito anos para que possamos trazer a vocês incríveis e divertidas histórias em quadrinhos do Homem-Grilo, e dos demais personagens de seu universo.
P.S.: Como o Will não será mais o desenhista oficial do Homem-Grilo, o Sideralman deixará de fazer parte do universo dele. Isso não significa, porém, que eu não possa escrever novas histórias com o super-herói do Will no futuro. Mas aqui no site, a partir de agora, serão publicadas apenas HQs do Homem-Grilo e dos demais super-heróis que já faziam parte de seu universo (como o Cricket Rider, por exemplo).
Este ano o Homem-Grilo irá completar 20 anos desde a publicação dessa primeira tira dele na Internet. Eu não preparei nada de especial para comemorar esse aniversário, mas não queria que ele passasse em branco. Por isso, gostaria de propor algo aos colegas artistas.
O Homem-Grilo, assim como seu universo, está sob uma licença Creative Commons que lhe permite compartilhar livremente as obras dele, assim como criar obras derivadas, desde que a mesma licença seja mantida. Mais detalhes sobre essa licença podem ser lidas aqui.
A minha proposta então é que para comemorar esses 20 anos do Homem-Grilo vocês utilizem a licença Creative Commons do personagem para criar suas próprias obras com ele. Vale qualquer coisa. Quadrinhos, ilustração, conto, animação, graffiti, crochê, mashup, e por aí vai.
E a licença CC do Homem-Grilo também permite o uso comercial das obras derivadas. Então vocês poderão gerar renda para vocês com as obras criadas a partir do meu personagem do modo como quiserem, sem me dever absolutamente nada.
O Homem-Grilo é muito versátil. A sua obra derivada com ele pode ser bem livre. Não precisa usar a mesma aparência. Não precisa ser super-herói. Não precisa nem mesmo ser homem, ou grilo. Você só precisa usar algum elemento que remeta ao personagem, mas a escolha é sua.
Não à toa eu nunca defini muito a origem do personagem. Ele é apenas um super-herói que ganhou seus poderes ao ser mordido por um grilo radioativo (se é que os grilos mordem). A partir daí outros autores podem adicionar suas próprias ideias, ou remodelar a minhas completamente.
Desde que adicionei o Homem-Grilo ao Creative Commons, em 2001, outros autores abraçaram a ideia, e começaram a utilizar o personagem em suas próprias obras. Mas nunca foi algo na amplitude que eu gostaria que fosse.
Por isso seria um grande presente de 20 anos de aniversário do Homem-Grilo se os colegas artistas embarcassem comigo nessa filosofia do copyleft e da cultura livre, e criassem suas próprias obras com o personagem. E aí, quem topa fazer algo?
Esta tira do Homem-Bomba é outra da qual curto bastante. Trata-se também de uma tira simples, mas cuja piada funciona muito bem. O Homem-Bomba é uma crítica a essa mania que surgiu nos quadrinhos de super-heróis a partir dos anos 90 de matar e ressuscitar personagens a torto e a direito.
Ainda que morte e ressurreição (mesmo que espiritual) sejam partes vitais da jornada do herói como descrita por Joseph Campbell (a qual eu faço referência na hq O (Super) Herói de Mil Faces), quando esse recurso é utilizado em demasia e de uma forma vulgar e banal, acaba perdendo o impacto e a profundidade simbólica que deveria ter, se tornando algo caricato. A morte (e por conseguinte a vida) do personagem se esvazia completamente de seus significados.
O Homem-Bomba é um dos super-heróis que compõe o time principal do gigantesco grupo liderado pelo Musculoso. A idéia é fazer com que em toda aventura do grupo, ele morra ao utilizar os seus poderes, mas reaparecendo na história seguinte, como se nada tivesse acontecido, e sem explicação nenhuma (afinal, se for pra dar uma explicação esdrúxula, melhor deixar sem nenhuma mesmo). O Homem-Bomba seria então como o Kenny do South Park.
Por fim, ele é também outro super-herói do qual curto muito o visual e o uniforme. O Ricardo mais uma vez mandou muito bem no character design.